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3 razões para não se livrar das emoções “negativas”

Inajá Tavares 10 julho, 2022

Durante o meu mestrado, um dos primeiros desafios que enfrentei foi o de compreender melhor o que a ciência tem a dizer sobre as emoções. Segundo Paul Ekman, um psicólogo e pesquisador que dedicou boa parte da vida ao estudo das emoções, podemos entendê-las como sensações que nos preparam para lidar com eventos importantes.

Primeiramente, é importante entender que o interesse científico do estudo de tais fenômenos é antigo, sendo o livro “A expressão das emoções no homem e nos animais”, publicado em 1872 por (ninguém mais, ninguém menos) que Darwin, um marco no estudo sistemático das emoções.

Entendendo esse misto de sensações

O que são? Quais existem? Por que existem? Essas são algumas perguntas que pesquisadores passaram as últimas décadas tentando responder. Dessa forma, as investigações de Paul Ekman indicam a existência de seis emoções básicas universais: alegria, tristeza, medo, raiva, nojo e surpresa.

Em um primeiro momento, pode parecer que esta lista representa uma visão um tanto quanto pessimista da realidade – afinal, se você notar, a maioria dos itens despertam sensações desagradáveis. Contudo, nos três itens a seguir, eu explico um pouco melhor os porquês pelos quais emoções assim são muito importantes.

1) Emoções nos ajudaram a sobreviver ao longo do tempo

Vamos a um fato: você provavelmente já esqueceu alguma comida que apodreceu na geladeira em algum momento da sua vida. Talvez, em algum outro momento, você esqueceu de tirar o lixo (e se arrependeu amargamente dessa decisão posteriormente).

O cheiro de comida estragada te gera repulsa? Uma resposta positiva para essa questão é esperada e, na verdade, muito benéfica. Ou seja, o nojo que você sente é justamente o que faz com que você pense duas vezes antes de comer algo que potencialmente possa te deixar doente.

Cabe lembrar que o que hoje poderia te gerar uma simples dor de barriga era potencialmente fatal milênios atrás. Assim, não possuir um mecanismo como esse, que promove uma tentativa de distanciamento de possíveis contaminantes, traria na verdade mais prejuízos do que benefícios.

2) Emoções são fontes importantes de comunicação

Imagine o seguinte cenário: você liga para a sua melhor amiga e, quando ela atende, você percebe que ela está chorando copiosamente. O que você pensa diante dessa situação? O que o choro da sua melhor amiga o estimula a fazer?

As respostas para essas questões são, muito provavelmente – “algo não está certo” e “eu preciso descobrir o que aconteceu”/“eu preciso ajudar a minha amiga”. Isso ocorre porque a tristeza, quando em sua maior intensidade expressada pelo choro, comunica que algo ruim aconteceu e que, de alguma forma, se precisa de ajuda.

Essa é uma das formas pelas quais as emoções permitem que outras pessoas entendam o que estamos sentindo, sem que uma palavra precise sair de nossa boca.

Ou seja, uma habilidade assim é importante pois nem sempre temos a capacidade de articular em frases o nosso desconforto (eu, pelo menos, não conheço nenhum recém-nascido com uma excelente habilidade de oratória), mas nem por isso ele merece ser ignorado.

3) Emoções nos preparam para lidar com situações futuras

Permita-me compartilhar uma experiência pessoal. Em algum momento da minha adolescência, eu estava sozinha em casa pela manhã quando repentinamente escutei um barulho alto vindo da lavanderia.

Meu coração disparou e a única explicação que eu consegui encontrar naquele momento foi: “invadiram a minha casa”. Eu reagi àquela situação me armando com o melhor objeto que pude encontrar (uma vassoura) e silenciosamente fui ao encontro do invasor.

Felizmente, quando cheguei na lavanderia, descobri que o barulho era na verdade resultado da explosão de energia da minha hamster correndo freneticamente em sua rodinha.

Apesar de bobo, o exemplo serve bem para demonstrar o que o medo faz com o corpo: ele sinaliza que podemos estar em perigo e que algo deve ser feito se quisermos aumentar nossas chances de sobrevivência.

Sejamos realistas: uma adolescente munida com uma vassoura não compõe o cenário mais favorável para enfrentar invasores. Porém, imagine que a mesma adolescente simplesmente não sente medo. É presumível que o barulho não a incomodaria a ponto dela reagir de alguma forma, o que a tornaria mais vulnerável ainda a ameaças.  

As nossas emoções nos convocam a agir!

Como psicóloga, não acredito que alguma emoção merece o rótulo de “negativa”. Isso porque, nenhuma delas é ruim por si só. É inegável que algumas das sensações provocadas quando sentimos medo, nojo, tristeza ou raiva são desagradáveis, mas é justamente isso que as torna importantes e necessárias.

Emoções nos convocam a agir, e em níveis adequados elas têm o potencial de salvar a sua vida. Existem algumas situações, porém, em que suas emoções podem se tornar fonte de sofrimento significativo, podendo até mesmo dificultar a execução de simples tarefas do dia a dia.

Nesse caso, consultar-se com um psicólogo qualificado pode te ajudar. Não podemos deixar de sentir as emoções, uma vez que elas fazem parte da nossa herança evolutiva, mas podemos aprender estratégias para manejá-las.

Inajá Tavares

CRP 07/32587 - Psicóloga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Mestre em Cognição Humana pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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